quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dependo de ti.


O sino da catedral bateu pela ultima vez, ouvi ecoar ao longe os últimos murmuros de uma população inquieta. O vento bateu gelado nos meus cabelos, ouvi um grito de dor e estremeci. Como passe de mágica, a cidade ao longe se apagou.

Agora, fazia silêncio.

Procurei encontrar você, mas era impossível enxergar qualquer movimento próximo de mim; coloquei a mão no bolso e aquilo que eu achava ser a minha unica solução, estava sem serviço.

Vi a nossa foto no meu celular, meus joelhos fraquejaram, perdi o chão e me vi caída na grama molhada. Abracei minhas pernas sentada e deixei a solidão me invadir.

O que esta acontecendo? Me perguntei, mas dentro de mim nenhuma voz me respondeu.

Fechei os olhos e tentei adormecer, mas não consegui. Eu queria ter você aqui comigo; me sentiria mais segura com a sua voz no meu ouvido pedindo para eu manter a calma, mesmo que não fosse possível manter a calma diante a tanto silêncio, a tanto escuridão, a tanto desespero dentro de mim.

Senti um aperto no coração, ouvi uma voz dizendo que tudo ia ficar bem, procurei saber de onde vinha; levantei e percebi o choro de uma criança. Imaginei que algum pai estivesse acalmando seu filho, mas como ele poderia dizer que ia ficar tudo bem se ao menos sabia o motivo de tudo que estava acontecendo?

Andei até o penhasco e forçando a vista fui capaz de perceber movimentos naquela cidade tão grande e agora no escuro tão pequena. Desci ladeira a baixo em direção ao tumulto, mas quando cheguei as ruas vi pessoas encapuzadas, com armas brancas em suas mãos.

Corri o mais rápido que pude, às lágrimas já percorriam desesperadas em minha face e quando olhei para traz, perdi tempo demais... Um rapaz alto e magro estava na minha frente. Em um ato impensado cai de joelhos aos pés dele e implorei que me deixasse me despedir de você.

O Calafrio percorreu a minha espinha, ele me ergueu e me mandou correr.Eu não conseguia me mexer, minhas pernas doíam e eu já não respirava como antes. Tentei me lembrar de você pedindo para eu relaxar, mas não conseguia.

Dentro de minha mente vinham vultos e palavras contorcidas. Em um estalar dos meus braços, me vi sendo erguida e puxada por aquele rapaz, cai 3 vezes; ele me pegou no colo e me levou a um esconderijo.

Eu estava delirando; senti frio, fome, sede; não conseguia pensar. A última lembrança ainda sã, foi daquele rapaz me cobrir com um cobertor fedorento e me dar um beijo na testa dizendo para eu descansar. Então minha vista embaralhou e eu entrei em transe.

Te vi na minha frente, você sorriu e me disse para relaxar; você ensaiou uma respiração lenta e profunda para me acalmar e segui os seus passos, inspirava e expirava até criar um ritmo.

Meu coração agora batia em compasso lento, pude sentir a respiração voltando ao normal e o frio que senti agora se transformará em brasa; você me abraçou dizendo que ia ficar tudo bem e chorei feito uma criança; não consegui entender a relação do que ouvi anteriormente ao tumulto e do que senti agora. Mas nesse momento, eu sabia que aquele pai tinha toda a razão, iria ficar tudo bem e aquele rapaz era um anjo da guarda guiado por ti.

Abri os olhos e te vi partir para dentro de mim. Respirei fundo e pensei: você vai voltar, em carne e osso e para sempre.

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